O herbicida acetocloro é seletivo, de ação não sistêmica, posicionado em pré-emergência para o controle de mono e eudicotiledôneas.
Acesso rápido
Marcas comerciais: Harness Plus (CS), Surpass (EC) e Wallop (CS).
CS – Suspensão de encapsulado
EC – Concentrado emulsionável
1 – Recomendações de uso
Culturas: algodão, cana-de-açúcar, milho e soja.
Plantas daninhas controladas pelo acetocloro:
azevém (Lolium multiflorum)
capim colchão (Digitaria horizontalis)
capim pé-de-galinha (Eleusine indica)
capim-amargoso (Digitaria insularis)
capim-braquiária (Brachiaria decumbens)
capim-carrapicho (Cenchrus echinatus)
capim-colonião (Panicum maximum)
capim-marmelada (Brachiaria plantaginea)
caruru (Amaranthus hybridus)
Posicionamento: após o plantio ou também em pós-emergência inicial da cultura, porém, sempre em pré-emergência das plantas daninhas. Realizar uma única aplicação, até o décimo dia após o plantio. O herbicida não controla plantas daninhas emergidas, logo, se necessário, a aplicação deve ser complementada com herbicidas pós-emergentes. Na ausência de chuvas, recomenda-se a aplicação em pré-plantio incorporado (entorno de 5 cm de profundidade).
Doses: 1077 a 4000 g i.a./ha, a depender do alvo, do nível de infestação e do teor de matéria orgânica do solo.
2 – Características físico-químicas do herbicida
Grupo químico: cloroacetanilida
Pressão de vapor: 4,53×10‾6 Pa (25ºC)
Solubilidade: 223 mg L¯¹ em água (25ºC)
pKa: não ionizável
Kow: 300
3 – Comportamento do acetocloro nas plantas
Absorção e translocação: ocorre principalmente pelo coleóptilo (gramíneas), hipocótilo e epicótilo (eudicotiledôneas) durante o processo de germinação. Em plantas emergidas, a absorção ocorre pelo sistema radicular. Após ser absorvido, o acetocloro se transloca pela rota apoplástica e se acumula nas estruturas vegetativas.
Mecanismo de ação: inibição do crescimento, elongação e divisão celular, como resultado da ação inibidora da síntese proteica. Em virtude disso, o herbicida é fitotóxico principalmente durante o processo de germinação.
Classificação HRAC: Grupo K3 – Inibidor dos ácidos graxos de cadeia muito longa (VLCFAs).
Sintomatologia: Inibição da emergência em gramíneas muito suscetíveis. As gramíneas que emergem apresentam as primeiras folhas mal formadas e enroladas em espiral. É comum ocorrer retenção das folhas no solo, semelhante a quando acontece o selamento superficial e formação de crosta. Nas eudicotiledôneas, o encurtamento da nervura central resulta em folhas com aspecto de concha ou de coração. Além disso, pode ocorre enrugamento do limbo foliar, principalmente em condições de temperatura baixa, onde o metabolismo é mais lento.
Metabolismo e seletividade: nas plantas tolerantes, o acetocloro é metabolizado principalmente pela conjugação com a glutationa e homoglutationa. Consequentemente, condições que afetam a taxa desse metabolismo podem afetar a seletividade.
Mecanismos de resistência: aumento da capacidade de metabolizar o herbicida.
Casos de resistência: até o momento, não há relatos de resistência ao herbicida no Brasil. O único relato, de 2016, refere-se a uma espécie de caruru (Amaranthus tuberculatus = A. rudis) em Illinois, nos Estados Unidos, nas culturas da soja e do milho.
4 – Comportamento no ambiente
Koc: 166 L kg-1 (solo sob plantio direto) e 126 L kg-1 (solo sob cultivo convencional) em Argissolo Vermelho.
Kd: 2,75 L kg-1 (solo sob plantio direto) e 1,67 L kg-1 (solo sob cultivo convencional) em Argissolo Vermelho.
Sorção: maior em solos com maior teor de matéria orgânica.
Transformação: degradado por microrganismos do solo.
Persistência: a depender do tipo de solo, sistema de cultivo e condições climáticas, pode prover controle de plantas daninhas por até 12 semanas após a aplicação. No entanto, a presença de palha e/ou maior teor de matéria orgânica reduzem a atividade do herbicida.
Mobilidade: baixa propensão à lixiviação, principalmente em solos com maior teor de matéria orgânica.
Volatilização: negligenciável.
5 – Tecnologia de aplicação terrestre
Volume de calda: 150 a 400 L/ha.
Preparação da calda: agitar a embalagem para homogeneizar o conteúdo. Diluir em água limpa e manter a agitação acionada durante a pulverização. Algumas formulações tendem à formação de espuma.
Tamanho de gotas: médias a grossas, de 250 a 450 micras de diâmetro.
Pontas de pulverização: leque da série 80 ou 110.
Altura da barra: 50 a 60 cm acima do solo.
Velocidade do vento: 5 a 15 km/h.
Umidade do ar: preferencialmente acima de 55%. Superior a 80%, quando a temperatura for superior a 28ºC.
Temperatura: ideal de 15 a 28ºC, tolerável de 28 a 35ºC, nunca superior a 35ºC.
6 – Incompatibilidades e limitações de uso
Compatível com a maioria dos outros defensivos.
7 – Facilitadores de eficácia
Chuvas leves após a aplicação favorecem a incorporação do produto na camada superficial, assim como, proporcionam o carreamento do herbicida da palha para o solo, no sistema de plantio direto.
Conheça também outros herbicidas similares:
S-metolacloro
S-metolacloro, isolado ou em mistura com flumioxazina, metribuzim, atrazina, fomesafem e outros é valiosa opção no manejo de resistência.
Alacloro
O alacloro controla plantas daninhas como capins, caruru e trapoeraba nas culturas do algodão, amendoim, café, cana-de-açúcar, milho e soja.
Piroxasulfona
Tem produto novo para controle de azevém em trigo. Piroxasulfona é opção também para milho e soja. Conheça e aplique melhor esse herbicida!
Acetocloro
O herbicida acetocloro é seletivo, de ação não sistêmica, posicionado em pré-emergência para o controle de mono e eudicotiledôneas.
Literatura consultada:
AGROFIT. Sistemas de agrotóxicos fitossanitários. Disponível em: https://agrofit.agricultura.gov.br/agrofit_cons/principal_agrofit_cons. Acesso em: 5 jun. 23.
FERRI, M. V. W., et al. Atividade do herbicida acetochlor em solo submetido à semeadura direta e ao preparo convencional. Pesquisa Agropecuária Brasileira, v. 37, n. 12, p. 1697-1703, 2002.
HEAP, I. The international herbicide-resistant weed database. Disponível em: www.weedscience.org. Acesso em: 28 nov 2022.
RODRIGUES, B. N.; ALMEIDA, F. L. S. Guia de herbicidas. 7ª ed. Londrina, 2018. 764 p.
SHANER, D. L. Herbicide Handbook. 10th Edition, Weed Science Society of America, Lawrence, 2014. 513 p.