A aplicação do herbicida 2,4-D tem causado injúrias e prejuízos em culturas sensíveis no Rio Grande do Sul. Como resultado, as Instruções Normativas SEAPDR n° 05 e nº 06/2019 passaram a regulamentar a aplicação de herbicidas auxínicos no estado.
Para saber mais sobre as novas exigências para a aplicação desses herbicidas, clique aqui.
Porém, além do 2,4-D, as normativas fazem referência aos também chamados “herbicidas hormonais”. São portadores do mecanismo de ação do Grupo O, os quais mimetizam as auxinas, um composto natural, regulador do crescimento de plantas.
Assim, todos esses produtos afetam o crescimento, levando à alterações na morfologia de caules e folhas. Normalmente, causam crescimento descontrolado, epinastia (encurvamento), encarquilhamento e deformações em nervuras. Dependendo do estádio de desenvolvimento da planta, podem interferir na reprodução, formação de frutos e sementes. Em concentrações elevadas, esses sintomas evoluem para necrose dos tecidos e morte da planta.
Conheça os herbicidas auxínicos contemplados pelas novas normas para a aplicação, vigentes no estado:
2,4-D
O 2,4-D foi o primeiro herbicida seletivo comercializado no mundo. Posicionado em pós-emergência, é aplicado na parte aérea das plantas. É registrado para diversas culturas gramíneas e pastagens, onde controla muito bem eudicotiledôneas (“folhas largas”). Além disso, tem sido amplamente utilizado para o manejo de buva na entressafra da soja. Sistêmico, é efetivo, principalmente, para plantas daninhas anuais. No solo, é prontamente degradado por microrganismos.
Em 2,4-D: potencialize o controle e diminua os riscos você confere uma descrição detalhada desse herbicida.
Aminopiralide
No Brasil, é comercializado apenas em misturas formuladas com outros herbicidas auxínicos. Pós-emergente sistêmico, complementa o espectro de controle do 2,4-D, fluroxipir-meptílico, triclopir-butolítico e picloram. É indicado para o controle de “folhas largas”, desde herbáceas até arbustivas e lenhosas em pastagens e eucalipto. Além disso, nessa cultura, também é utilizado para o controle do rebrote. É um dos herbicidas menos voláteis, dentre os portadores desse mecanismo de ação.
Dicamba
Foi autorizado no Brasil para uso em cultivares de soja e algodão, portadoras de resistência a herbicidas. É uma das apostas para contornar os crescentes casos de resistência de plantas daninhas como buva, caruru e outras “folhas largas” de difícil controle. Absorvido pela parte aérea e raízes, dicamba é lentamente metabolizado por espécies sensíveis, o que explica a elevada atividade. A propensão a volatilização é elevada. No entanto, novas tecnologias de formulação prometem reduzido movimento para fora do alvo.
Fluroxipir-meptílico
É formulado isolado ou em mistura com outros herbicidas axínicos. Possui registro para pastagens, cana-de-açúcar, eucalipto, algodão, milho, soja, com especificações de posicionamento intrínsecas aos produtos comerciais. Pós-emergente, o espectro de controle é semelhante aos demais herbicidas. Pode ser absorvido tanto pela parte aérea, quanto raízes. No entanto, possui baixa atividade no solo.
MCPA
Possui registro para aveia, cana-de-açúcar, cevada e trigo. Plantas daninhas anuais como caruru, picão e corda-de-viola estão entre os alvos. Pode ser utilizado também para o controle de soja e nabo “tiguera”. Pós-emergente, é prontamente absorvido pelas folhas, movendo-se facilmente para os pontos de crescimento.
Picloram
Produtos comerciais a base do herbicida ou da mistura formulada com 2,4-D, triclopyr ou fluroxypir são registrados para o controle de “folhas largas” em pastagens, cana-de-açúcar e arroz. O uso desse herbicida tem aumentado, em razão da sua eficiência no controle de espécies como buva, em pastagens de outono-inverno. No entanto, o residual de picloram pode causar injúrias em culturas como a soja, em razão da sua prolongada persistência no solo.
Saiba mais em: Residual de picloram: o que influencia na persistência do herbicida?
Quincloraque
Esse herbicida tem uso autorizado para arroz irrigado. É indicado para o controle de angiquinho e capim-arroz. Isso mesmo, ele possui atividade sobre gramíneas! Também é por esse motivo que no rótulo do produto comercial, são indicados dois mecanismos de ação: O (mimetizador de auxinas) para plantas daninhas “folhas largas” e L (inibidor da síntese de celulose) para gramíneas. Além de interferir na formação da parede celular, outros eventos estão associados a sua ação em gramíneas. Assim, o exato modo de ação em monocotiledôneas ainda não é completamente elucidado.
Porém, um sintoma típico é a necrose das regiões de crescimento.
É usado em pós-emergência, porém, apresenta efeito residual, que pode chegar a 30 dias. É absorvido tanto pela parte aérea, quanto pelas raízes e por plântulas em emergência.
Triclopir-butolítico
É formulado isoladamente ou em mistura com outros herbicidas. É indicado para uso em pastagens, arroz irrigado, eucalipto, milho, soja e trigo. Novamente, o posicionamento específico de cada produto comercial é determinante da seletividade. O espectro vai desde “folhas largas” anuais até perenes, incluindo arbustivas e lenhosas. Além de soja e algodão “tiguera”. Pós-emergente, é prontamente absorvido pela parte aérea, translocando-se pela planta.
Convém destacar que cada produto comercial possui especificidades quanto às indicações de uso, espectro de controle e doses. Logo, consulte sempre um profissional habilitado e siga as instruções do receituário agronômico.
Os herbicidas florpirauxifen-benzil e halauxifen-metil foram introduzidos no mercado brasileiro recentemente:
Halauxifen-metil
O herbicida halauxifen-metil é sistêmico, formulado em mistura com diclosulam e recomendado para o manejo pré-semeadura da soja.
Florpirauxifen-benzil
O herbicida florpirauxifen-benzil é seletivo, sistêmico, posicionado em pós-emergência para o controle de mono e eudicotiledôneas.
Além desses herbicidas, consta também na lista de auxínicos, o herbicida clopiralida, embora não haja produtos comerciais registrados.
Literatura consultada:
AGROFIT. Sistemas de agrotóxicos fitossanitários. Disponível em: <http://extranet
ROBERTS, T. R. (Ed). Metabolic Pathways of Agrochemicals. Part 1: Herbicides and Plant Growth Regulators. The Royal Society of Chemistry, 1998. 872 p.
SENSEMAN, S. A. (Ed.). Herbicide handbook. 9.ed. Lawrence: Weed Science Society of America, 2007. 458 p