Conheça e aplique melhor os herbicidas

Dicamba

O herbicida dicamba é seletivo, sistêmico, posicionado em pós-emergência para o controle de eudicotiledôneas.

Marcas comerciais: Atectra, Atectra SL, Dicamax LV, Dicare, Engenia, Rainvel, Rainvel Xtra, Tranvel, Xtendicam.

SL – Concentrado solúvel
WG – Grânulos dispersíveis em água

1 – Recomendações de uso:

Culturas: algodão geneticamente modificado tolerante a dicamba, algodão, aveia, cana-de-açúcar, canola, centeio, cevada, ervilha, feijão, gergelim, grão-de-bico, lentilha, linhaça, milheto, milho, soja geneticamente modificada tolerante a dicamba, soja, sorgo, trigo, triticale.
Plantas daninhas controladas pelo dicamba:
Beldroega (Portulaca oleracea)
Buva (Conyza bonariensis)
Carrapicho (Desmodium tortuosum)
Carrapicho-de-carneiro (Acanthospermum hispidum)
Caruru (Amaranthus hybridus, Amaranthus retroflexus, Amaranthus deflexus, Amaranthus viridis, Amaranthus spinosus, Amaranthus palmeri)
Corda-de-viola (Ipomoea grandifolia, Ipomoea purpurea, Ipomoea triloba)
Cipó-de-veado (Polygonum convolvulus)
Erva-de-touro (Tridax procumbens)
Fedegoso (Senna obtusifolia)
Flor-das-almas (Senecio brasiliensis)
Guanxuma (Sida rhombifolia)
Leiteiro (Euphorbia heterophylla)
Losna (Artemisia verlotorum)
Mentrasto (Ageratum conyzoides)
Nabo-bravo (Raphanus raphanistrum)
Picão-branco (Galinsoga parviflora)
Picão-preto (Bidens pilosa)
Poaia-branca (Richardia brasiliensis)
Rubim (Leonorus sibiricus)
Serralha (Sonchus oleraceus)
Trapoeraba (Commelina benghalensis)
Posicionamento: dessecação pré-plantio nos cultivos de soja e algodão não tolerantes ao herbicida, respeitando o intervalo mínimo de 30 dias entre aplicação e semeadura. Aplicação em dessecação pré-plantio ou após o plantio, porém antes da emergência em algodão e soja geneticamente modificados para tolerar o herbicida dicamba. Além disso, pode ser realizada a aplicação em pós-emergência (14 dias) da cultura da soja tolerante ao herbicida ou sequencial (14 + 28 dias). Ainda, recomenda-se o manejo outonal de buva, em aplicação sequencial com saflufenacil. Cana-de-açúcar – realizar uma aplicação em pós-emergência inicial da cultura até o estádio de 4 a 6 folhas, tanto em plantio como em cana soca. Trigo – realizar uma aplicação em pós-emergência da cultura, entre o estádio de 2 folhas até o início do perfilhamento. Milho, milheto, sorgo, aveia, centeio, cevada, triticale, soja, feijão, ervilha, grão-de-bico, lentilha, canola, gergelim e linhaça – manejo para plantio direto, em pré-plantio da cultura (observar intervalo recomendado entre aplicação e semeadura).
Doses: 96 a 720 g e.a./ha, a depender da espécie de planta daninha e cultura.

Consulte sempre um(a) engenheiro(a) agrônomo(a) e siga as prescrições da receita agronômica e da bula.

2 – Características físico-químicas do herbicida:

Grupo químico: ácido benzoico.
Pressão de vapor: 4,5 x 10-3 Pa (25ºC).
Solubilidade: ácido – 4500 mg/L de água, sal de dimetilamina – 720000 mg/L de água.
pKa: 1,87 (ácido fraco).
Kow: 0,29.

3 – Comportamento nas plantas:

Absorção e translocação: rapidamente absorvido pelas raízes, folhas e caules. O transporte pela membrana ocorre tanto de forma passiva, por difusão, quanto ativa, através de carregadores. A translocação ocorre tanto pelo simplasto quanto pelo apoplasto e é tida como fator para a seletividade, uma vez que é limitada em espécies tolerantes.
Mecanismo de ação: mimetizador de auxina.
Classificação HRAC: grupo O.
Sintomatologia: as alterações nos parâmetros de crescimento causam sintomas bem característicos, como encurvamento dos caules, intumescimento de nós e deformações foliares. No caso do dicamba, é comum as folhas adquirirem formato de concha, devido alterações nas nervuras, o que também, resulta em encarquilhamento. Além disso, ocorre clorose nos pontos de crescimento, inibição do crescimento, necrose que evolui para morte da planta.
Metabolismo e seletividade: além da menor mobilidade, dicamba é metabolizado mais rapidamente em espécies tolerantes do que em suscetíveis.
Casos de resistência: até o momento, totalizam 20 registros, incluindo casos na Argentina. No entanto, nenhum no Brasil.
Mecanismos de resistência: sítio de ação alterado, amplificação gênica e metabolismo aumentado então dentre as causas encontradas nas populações estudadas.

4 – Comportamento no ambiente:

Sorção: fracamente adsorvido ao solo.
Koc: 2 mL/g.
Kd:
Transformação: metabolizado por microrganismos em solo aeróbico.
Persistência: persiste mais em solos saturados. Em condições para rápido metabolismo, a meia-vida é de 4,4 dias.
Mobilidade: baixo a médio potencial para lixiviação.
Volatilização: dependente da formulação.

5 – Tecnologia de aplicação terrestre:

Volume de calda: 100 a 150 L/ha.
Preparação da calda: manter a calda sob agitação constante. A aplicação deve ocorrer no mesmo dia da preparação da calda. Não adicionar redutor de pH, ácido bórico ou produtos à base de sal de amônio ou isopropilamina.
Tamanho de gotas: extremamente grossas a ultra grossas.
Pontas de pulverização: com indução de ar, indução de ar defletora ou indução de ar e pré-orifício.
Altura da barra: posicionar a 50 cm acima do alvo ou menos, dependendo das pontas de pulverização utilizadas. Observar a uniformidade de cobertura dos jatos.
Velocidade do vento: 3 a 10 km/h.
Umidade do ar: superior a 55%.
Temperatura: inferior a 30ºC.
Incompatibilidades e limitações de uso: devido à persistência do herbicida no solo, é recomendado que os intervalos entre aplicação e semeadura de culturas sensíveis sejam obedecidos. Chuvas até 4 horas após a aplicação comprometem a eficácia do produto. É fundamental que o pulverizador seja adequadamente lavado após a aplicação (tanque, barras, pontas e filtros), a fim de evitar danos em culturas suscetíveis. Não realizar aplicação aérea e adotar medidas que reduzam o movimento para fora do alvo.
Facilitadores de eficácia: chuvas da ordem de 50 mm ou mais contribuem para o movimento vertical do herbicida para fora da zona radicular de culturas sensíveis. Utilizar adjuvantes redutores de deriva.

Literatura consultada:
AGROFIT. Sistemas de agrotóxicos fitossanitários. Disponível em: https://agrofit.agricultura.gov.br/agrofit_cons/principal_agrofit_cons. Acesso em: 13 fev. 23.
HEAP, I. The international herbicide-resistant weed database. Disponível em: www.weedscience.org. Acesso em: 13 fev. 23.
RODRIGUES, B. N.; ALMEIDA, F. L. S. Guia de herbicidas. 7ª ed. Londrina, 2018. 764 p.
SHANER, D. L. Herbicide Handbook. 10th Edition, Weed Science Society of America, Lawrence, 2014. 513 p.

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