a imagem apresenta plantas de soja com as folhas com injúria característica da deriva de herbicidas.

Deriva de herbicidas: seu dinheiro pode estar voando por aí!

O objetivo de qualquer aplicação é fazer com que o produto atinja o alvo e seja absorvido em concentrações suficientemente tóxicas para o controle. No entanto, no caso de herbicidas, as perdas por deriva e volatilização são mais graves. Pois, além de comprometer a eficiência de controle, podem causar injúrias em plantas suscetíveis.

Deriva é o movimento do herbicida para fora do alvo, que pode ser o dossel das plantas ou o solo. É didaticamente dividida em deriva de partículas e deriva de vapor, comumente chamadas de deriva e volatilização. Mas, na prática, não é tão simples quantificá-las isoladamente.

Estima-se que apenas 45% do pesticida pulverizado alcance a cultura alvo. Em torno de 30% é perdido por deriva de partículas e erros de aplicação e 10% por volatilização e lixiviação. O restante é depositado em outras superfícies não-alvo (Gavrilescu, 2005).

Deriva de partículas

A deriva de partículas é o movimento das gotas para fora do alvo durante a aplicação do herbicida. É a principal forma de perda para a atmosfera.

Normalmente, os danos concentram-se em áreas próximas e vão diminuindo a medida que a distância, a partir do local da pulverização, aumenta (Figura 1).

Injuria em soja resultado de deriva de herbicidas - Deriva de herbicidas: seu dinheiro pode estar voando por aí!
Figura 1 – Injúria causada por deriva de herbicidas inibidores de PROTOX pulverizados em lavoura de arroz irrigado adjacente.

Configurações de pontas, pressão e volume de calda inadequados levam a tamanho de gotas reduzido (<200 μm), o que favorece o deslocamento para áreas adjacentes. Essa condição é agravada por altura da barra, temperatura e velocidade do vento elevadas.

Assim, a deriva de gotas tornou-se preocupação principalmente com o aumento das áreas, aliado a menor janela para a pulverização. Esse cenário, por vezes, demanda maior velocidade de trabalho, menores volumes de calda e a pulverização nem sempre ocorre dentro das condições ambientais adequadas.

Em situações com completa ausência de vento e temperaturas amenas, como no amanhecer e anoitecer, uma maior fração de partículas pode se manter suspensa no ar. Com a inversão térmica, podem deslocar-se e ser depositadas fora do alvo em distâncias maiores.

Para evitar a deriva de partículas, o objetivo é sempre reduzir a trajetória da gota a partir da ponta de pulverização até o alvo.

Volatilização

A volatilização ocorre, principalmente, após a aplicação do herbicida e envolve uma mudança de estado físico. O herbicida, normalmente um sólido dissolvido, emulsionado ou suspenso no produto formulado passa para o estado de vapor.


Solução, emulsão e suspensão? Relembre as formulações de herbicidas aqui.


A propensão à volatilização é resultado de características físico-químicas do ingrediente ativo. A pressão de vapor é medida em milímetros de mercúrio (mmHg) ou Pascal (Pa) e quanto maior o valor, maior é a tendência do herbicida em volatilizar. Porém, o comportamento do herbicida na interface ar, água e solo também influencia a probabilidade de perdas por volatilização.

Assim, a constante da Lei de Henry (H), onde a pressão de vapor é dividida pela solubilidade do herbicida, expressa melhor o potencial de volatilização. Consequentemente, quanto maior H, maior a probabilidade de perdas na forma de vapor.

Ainda, essa tendência é influenciada pelas condições ambientais, durante e após a pulverização. Dessa forma, temperaturas elevadas e baixa umidade relativa do ar também favorecem a volatilização.

Por outro lado, é conveniente pensar na volatilização que ocorre após a deposição do herbicida na superfície da planta. Existe uma certa “competição” entre a absorção e a mudança para vapor. Assim, as condições que favorecem a rápida absorção do herbicida, consequentemente, reduzem as perdas por volatilização.

O mesmo ocorre em relação ao solo ou palhada. Quanto maior a afinidade do herbicida pelos coloides, menores as perdas por essa via.

Ao ingressar na atmosfera, o herbicida pode deslocar-se com as correntes de ar e ser novamente depositado. Como resultado, existe a possibilidade de injúrias severas em plantas não-alvo, em distancias consideráveis a partir do local da pulverização.

Passado, presente e futuro

A deriva de vapor causou transtornos e restrições no passado, em razão do maior uso de herbicidas voláteis. Ainda, as formulações, em sua maioria ésteres, possuíam maior pressão de vapor. Entretanto, muito se evoluiu em termos de formulações e os sais usados atualmente possuem menor propensão à volatilização. Microencapsulados também apresentam liberação lenta e perdas reduzidas.

Porém, o risco de fitointoxicação a partir da fase vapor de herbicidas ainda é difícil de prever. Casos de injúria associados ao 2,4-D vêm crescendo em áreas cultivadas com oliveiras e videiras no RS (Figura 2).

Injuria em videira resultante da deriva de 24 D - Deriva de herbicidas: seu dinheiro pode estar voando por aí!
Figura 2 – Injúria em videira causada pela volatilização de auxinas sintéticas.

Em breve, plataformas biotecnológicas que utilizam a mistura de glifosato com auxinas sintéticas, em formulações com reduzida volatilidade, serão uma opção. Assim, o risco associado a volatilização de herbicidas voltou a ser discutido e pesquisado com maior intensidade.

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Ou melhor, o herbicida no alvo. Para isso, evite pulverizações nas seguintes condições:

  • Ventos superiores a 10 km/h.
  • Temperaturas médias do ar superiores a 30 ºC.
  • Umidade relativa do ar inferior a 55%.
  • Configurações que levem a formação de gotas finas e muito finas.

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Em conclusão, todos os herbicidas são passíveis de sofrer algum grau de deriva de partículas. Entretanto, somente os  herbicidas com alta pressão de vapor e baixa solubilidade são passíveis de volatilização. Nesse caso, perdas por deriva de partículas e volatilização podem ocorrer simultaneamente.

Mas atenção! Via de regra, as situações que favorecem o aumento da fração de gotas finas e muito finas, facilitam a entrada do herbicida no ar e consequentemente, o movimento para fora do alvo.

Em resumo:

  • Deriva de partículas resulta de erros de aplicação e pode sempre ocorrer.
  • Volatilização depende de características físico-químicas dos herbicidas.
  • As condições ambientais que aumentam as perdas são as mesmas em ambos os casos.

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Literatura consultada

FOLONI, L. L. O herbicida 2,4-D | Uma visão geral. Ribeirão Preto: Labcom Total, 2016. 252 p.

GAVRILESCU, M. Fate of pesticides in the environment and its bioremediation. Engin. Life Sci., v. 5, n. 6, p. 497-526, 2005.

MUELLER, T. C. Methods to measure herbicide volatility. Weed Science, v. 63, n.s. 1, p. 116-120, 2015.

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A imagem apresenta um termo higroanemômetro usado para verificar as condições ambientais para a aplicação de agrotóxicos.
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