a imagem apresenta uma lavoura de soja semeada no sistema de plantio direto na palha.

Culturas de cobertura fazem mais do que inibir a germinação

Culturas de cobertura trazem muitos benefícios. Dentre eles, a regulação de pragas, ciclagem de nutrientes e maior produtividade. Mas, além disso, são cruciais para o manejo integrado de plantas daninhas e para a mitigação da resistência a herbicidas.

Essa é a aposta dos professores John Wallace e William Curran da Pennsylvania State University e David Mortensen da University of New Hampshire.

O grupo avaliou o efeito de culturas de cobertura de diferentes grupos funcionais, em monocultura ou em consórcio, sobre os estágios críticos do ciclo de vida da buva e sua demografia, no momento da dessecação pré-semeadura e em pós-emergência da soja (V3). Ainda, sob dois regimes de nitrogênio.

Eles partiram do consenso de que, se menos indivíduos na população de plantas daninhas forem expostos à pressão de seleção exercida por herbicidas, menor é a probabilidade de evolução da resistência.

Agora, pense em como ocorre o recrutamento de plantas daninhas na lavoura. Emergidas em momentos diferentes, sempre há plantas de diversos tamanhos e, por diversos motivos, uma fração de indivíduos se destaca.

imagem de plantulas de buva emergindo no outono - Culturas de cobertura fazem mais do que inibir a germinação
Plantas de buva emergidas na ausência de culturas de cobertura.

Ainda, é sabido que para o controle eficiente, é fundamental que o herbicida atinja seu alvo em concentração suficientemente tóxica, para levar a planta daninha à morte.

Nesse sentido, proporcionalmente à sua massa, indivíduos maiores recebem menores concentrações de herbicida. Assim, possuem maior probabilidade de sobreviver devido a um efeito de “diluição”.

E ao sobreviver, produzem mais sementes, que podem conter genes que conferem resistência. Esse processo é particularmente importante para a dispersão da resistência não baseada em alterações no sítio de ação, como a reduzida translocação.

Além disso, o tamanho da buva no momento da dessecação tem sido apontado por influenciar diretamente a intensidade da seleção e o risco de evolução da resistência ao glifosato.

As questões propostas

Culturas de cobertura afetam a densidade de buva no momento da dessecação pré-semeadura?

Podem diminuir a desigualdade de tamanho entre os indivíduos?

Quais características das culturas de cobertura influenciam na densidade de buva no momento da dessecação?

As culturas de cobertura

Afetam momentos críticos que interferem no tamanho da população de plantas daninhas, como a germinação, estabelecimento e sobrevivência de plântulas.

Dessa forma, simulando um sistema de produção de soja, foram semeados aveia e centeio em monocultura (134 kg ha‾¹) e em consórcio com nabo forrageiro (67 + 6 kg ha‾¹) ou ervilhaca (67 + 22 kg ha‾¹). Ainda, a parcela foi subdividida entre aporte adicional de nitrogênio (67 kg ha‾¹), simulando N residual e a ausência dele.

Variáveis como a cobertura do solo, biomassa da parte aérea e conteúdo de N na biomassa da parte aérea das culturas de cobertura foram avaliados.

Ainda, a densidade de plantas e a distribuição do tamanho das rosetas de buva também foram quantificadas.

Além disso, estudou-se as relações diretas e indiretas entre a porcentagem de cobertura do solo e a biomassa das culturas de cobertura, sobre a densidade de plantas de buva nas duas épocas. Para isso, um modelo de equação estrutural foi ajustado.

Resumidamente

Centeio, sozinho ou em mistura com nabo forrageiro promoveu supressão consistente da buva. Chegando a 86%, quando comparado ao pousio. Além disso, foi possível inferir que, quanto maior a produção de biomassa, menor a densidade de buva no momento da dessecação.

Por outro lado, as culturas de cobertura da foram fortemente influenciadas pelo ano e pelo conteúdo de nitrogênio. Cabe ressaltar que o estudo foi realizado em dois anos consecutivos.

Em adição, as culturas de cobertura que se mantém por mais tempo no campo uniformizam e reduzem os tamanhos das rosetas de buva.

Acima de tudo, é destacada a importância da complementariedade entre culturas de cobertura e herbicidas, no manejo de plantas daninhas em sistemas conservacionistas.

O artigo “Cover crop effects on horseweed (Erigeron canadensis) density and size inequality at the time of herbicide exposure“, publicado no v. 67 da Weed Science, pode ser conferido na íntegra aqui.


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