Erva-de-santa-luzia

Erva-de-santa-luzia: de medicinal à planta daninha

A erva-de-santa-luzia é mais uma prova de que o conceito de planta daninha é relativo! Fitoterápica, utilizada nos tratamentos de distúrbios respiratórios e como antiespasmódica, tem emergido como planta daninha em cultivos de verão. Conheça a espécie e saiba como manejá-la eficientemente. Ou, se preferir, também faça um chá!

Aliás, para conhecer as propriedades medicinais da erva de santa luzia, clique aqui.

A espécie Euphorbia hirta (EPHHI), já classificada como Chamaesyce hirta, também é conhecida popularmente como erva-andorinha, eufórbia, folha-de-leite ou leiteira. Os dois últimos nomes, fazem referência à liberação de látex, característica da família Euphorbiaceae, a qual o gênero pertence.

Como reconhecer a erva de santa luzia

Planta herbácea de ciclo anual, a erva-de-santa-luzia tem hábito de prostrado a ascendente, podendo alcançar entorno 50 cm de altura. 

O caule é semi-ereto, variando de verde a avermelhado ou arroxeado, com pilosidade clara, branca ou até amarela. Além disso, uma característica marcante é a liberação látex pelo caule, quando lesionado.

Foto de Keli2 - Erva-de-santa-luzia: de medicinal à planta daninha
Figura 1 – Detalhes do caule, folhas e inflorescência da erva-de-santa-luzia. Autor: Régis Stacke.

As folhas são simples, podendo alcançar 1,5 cm de largura por 4,0 cm de comprimento, oblongo-lanceoladas, pontiagudas e com margem finamente dentada. A inserção das folhas no caule é oposta e os pecíolos muito curtos. As folhas são verdes, no entanto, ocorre pigmentação avermelhada nas extremidades, na superfície superior. Há pilosidade na face inferior da folha. Convém ressaltar que o ambiente influencia na expressão dessas características, como resultado, pode ocorrer variações no tamanho e cor.

A inflorescência, inserida nas axilas das folhas, é do tipo ciátio. Ou seja, formada por uma flor feminina pedicelada, rodeada por várias flores masculinas, sendo o conjunto, envolto pelas brácteas. Os vários ciátios são agrupados em fascículos de 0,5 a 1 cm de diâmetro. As pequenas flores variam de esverdeadas a rosadas, com pedúnculo curto marrom-avermelhado e sem pétalas. Assim, as estruturas femininas (gineceu) e masculinas (estames) são evidentes (Figura 1).

O fruto é do tipo cápsula, com três lóbulos, com dimensões da ordem de 1,5 mm. Há relatos da produção de aproximadamente 3 mil sementes por planta, as quais são muito pequenas (0,5 a 0,7 mm de comprimento). A coloração também é marrom-avermelhada.

A espécie é muito parecida com Euphorbia hyssopifolia, a qual também é conhecida por erva-andorinha. No entanto, as folhas desta última são bem menos pontiagudas e o pedúnculo das inflorescência é mais longo que em E. hirta.

Onde encontrar a erva-de-santa-luzia

Uma das Euporbiaceae mais comuns, a erva-de-santa-luzia é nativa da América tropical, distribuindo-se em baixas altitudes, pelos trópicos e subtrópicos. É encontrada em todo o país, preferindo condições de sol e boa drenagem do solo. É uma colonizadora, após episódios de perturbação, o que a torna planta daninha comum em cultivos anuais e perenes, pastagens, beiras de estradas, jardins, gramados, terrenos baldios, etc (Figura 2).

Foto de Keli5 e1597180483692 - Erva-de-santa-luzia: de medicinal à planta daninha
Figura 2 – A erva-de-santa-luzia forma densas infestações. Autor: Régis Stacke.

Biologia e ecologia

Duas informações são muito relevantes para o manejo da espécie, na condição de planta daninha: primeiramente, a erva-de-santa-luzia se propaga apenas por sementes. Mas, por outro lado, as culturas estarão competindo com uma planta C4.

As sementes, que requerem luz, germinam bem em temperaturas entre 15 e 40ºC. A temperatura mínima relatada para germinação é de 10ºC. A germinação é influenciada pela umidade do solo, consequentemente, sendo reduzida em solos secos. Além disso, tem sido relatado que a pigmentação arroxeada é mais intensa em condições de estresse hídrico.

Erva-de-santa-luzia, versão planta daninha

Frequentemente associada aos cultivos de cana-de-açúcar e café. E. hirta é planta daninha de importância secundária em cultivos anuais de verão. No entanto, sua frequência e abundância vem aumentado, principalmente em cenários de soja e milho sob semeadura direta, onde há disponibilidade de luz para a germinação. Além disso, devido ao tamanho diminuto das sementes, as mesmas não possuem reservas expressivas para que as plântulas superem grandes profundidades de solo.

Ainda, a espécie tem sido relatada como hospedeira dos nematoides Meloidogyne incognita, M. graminicola e M. javanica, dentre outros. Além disso, também hospeda mosca-branca (Bemisia tabaci), que é vetor de diversos vírus de culturas como tomate, mandioca, tabaco e feijão. 

Manejo

Como resultado do fotoblastismo positivo, a cobertura do solo com uma robusta palhada reduz a porcentagem de germinação das sementes, uma vez que interfere na disponibilidade de luz. Também, efeitos alelopáticos são relatados. Ainda, na olericultura, a solarização do solo sob lona de polietileno, por 30 a 45 dias provém até 100% de controle.

O revolvimento do solo e enterrio das sementes também é relatado por afetar o estabelecimento da espécie.

Herbicidas registrados para o controle de erva-de-santa-luzia

Se você estiver lendo em um smartphone, use a tela na horizontal, para visualizar a tabela na íntegra.

Herbicida Grupo químico Mecanismo de ação
Ametrina + trifloxissulfurom-sódico Triazina + Sulfoniluréia   Inibidor do FSII + Inibidor de ALS
Carfentrazona-etílica + glifosato Triazolona + glicina substituída   Inibido de PROTOX + Inibidor de EPSPS
Diclosulam  Sulfonanilida triazolopirimidina  Inibidor de ALS
Diurom   Uréia  Inibidor de FSII
Glifosato   Glicina substituída   Inibidor de EPSPS
Glifosato + 2,4-D Glicina substituída  + Ácido ariloxialcanóico Inibidor de EPSPS + Auxina sintética
Imazapique + imazapir   Imidazolinona + Imidazolinona   Inibidor de ALS + Inibidor de ALS
Imazapir Imidazolinona Inibidor de ALS
Imazetapir + saflufenacil  Imidazolinona + pirimidinadiona  Inibidor de ALS + Inibidor de PROTOX
Metsulfurom-metílico Sulfoniluréia   Inibidor de ALS
Prometrina   Triazina Inibidor de FSII
Saflufenacil Pirimidinadiona   Inibidor de PROTOX
Trifloxissulfurom-sódico Sulfoniluréia Inibidor de ALS
Trifluralina  Dinitroanilina   Inibidor da formação de microtúbulos
Fonte: Agrofit/MAPA. Consulta realizada em 08/08/2020.

Para a estratégia de manejo mais adequada para a realidade da sua lavoura, consulte sempre um(a) engenheiro(a) agrônomo(a)!

Bibliografia consultada

Burch D. Two new species of Chamaesyce (Euphorbiaceae), new combinations and key to the Caribbean members of the genus. Annals of the Missouri Botanical Garden, v. 53, p. 375-376, 1966.

Ferreira, D. T. R. G. Control of three Euphorbia species through herbicides applied during pre-emergence on sugarcane straw. Revista Brasileira de Herbicidas, v.15, p.323-331, 2016.

Saha, D., et al. Emergence of garden spurge (Euphorbia hirta) and large crabgrass (Digitaria sanguinalis) in response to different physical properties and depths of common mulch materials. Weed Technology v. 34, p. 172–179, 2020.

Siga o WeedOut nas redes sociais. Estamos no Facebook, Instagram e LinkedIn.

AVISO DE DIREITOS AUTORAIS: 

Todo o material desse site, sendo proibida toda e qualquer forma de plágio, cópia, reprodução ou qualquer outra forma de uso, sem autorização prévia. E-mail: contato@weedout.com.br

 

Está gostando do conteúdo? Compartilhe!

Quer estar por dentro das novidades no manejo de plantas daninhas? Deixe seu email!

Também detestamos spam. Não se preocupe, você não receberá email todo dia! :)

Artigos relacionados:

error:

O poder da erva-de-santa-luzia

Compre seu E-book com

60% Off

Trate asma, bronquite e conjuntivite. Conheça todos os benefícios, aprenda a coletar, preparar a erva-de-santa-luzia e melhore sua saúde!