a imagem apresenta a diferença de controle entre a testemunha e a aplicação de herbicida dessecante.

Qual é o melhor herbicida?

A necessidade de separar o joio do trigo remonta dos tempos bíblicos. As plantas daninhas transcenderam a história e seguem ameaçando cultivos nos tempos atuais. A principal diferença? Contamos agora com produtos muito mais eficazes do que o sal de cozinha, que já foi usado como herbicida.

Nos anos 30, após inúmeras tentativas com sais e ácidos, o ácido diclorofenoxiacético (2,4-D) foi apresentado ao mundo como o primeiro herbicida comercial. Desde então, controlamos folhas largas, de forma seletiva e sistêmica, na pós-emergência de culturas gramíneas.

Em outras palavras, aposentamos a enxada!

Além de prevenir a interferência, devido à diversidade de posicionamentos e reduzir a demanda da sempre escassa mão-de-obra no campo, o controle químico de plantas daninhas contribui consideravelmente para o aumento da capacidade de trabalho. Dentre outras vantagens do uso de herbicidas, está o menor custo e a seletividade, viabilizando o controle na linha de semeadura, quando comparado aos métodos tradicionais, como capinadeiras.

Por outro lado, a aplicação de herbicidas requer profissionais capacitados e equipamentos específicos para a pulverização. Ainda, o uso incorreto pode resultar em seleção de biótipos resistentes, fitotoxicidade para culturas em rotação, intoxicações e impactos ambientais indesejados.

Em razão disso, busca-se sempre o herbicida ideal.

Que seja seletivo para plantas e com baixa toxicidade para organismos não-alvos, com elevada eficácia em baixas doses e rápida degradação no ambiente. Além, é claro, de custos que viabilizem a operação. Por isso, existe todo um esforço do segmento de pesquisa e desenvolvimento para a clara compreensão das suas características.

Os mata-mato, são bem mais complexos do que parecem e não se resumem ao popular Roundup. Embora glifosato, 2,4-D e atrazina sejam os mais utilizados no Brasil, a lista de ingredientes ativos ultrapassa 90, com 1068 produtos comerciais registrados na classe de herbicidas, junto a Coordenação Geral de Agrotóxicos e Afins, do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.

A diferença entre inseticidas, fungicidas e herbicidas está no alvo. Estes últimos afetam processos essenciais que culminam na morte de plantas.

Os herbicidas são classificados quanto ao mecanismo de ação como:
  • Grupo A – Inibidores da Acetil CoA carboxilase (ACCase)
  • Grupo B – Inibidores da Acetolactato sintase (ALS)
  • Grupo C1/C2/C3 – Inibidores da fotossíntese no fotossistema II (FSII)
  • Grupo D – Inibidores da fotossíntese no fotossistema I (FSI)
  • Grupo E – Inibidores da Protoporfirinogênio oxidase (PROTOX)
  • Grupo F2 – Inibidores da Hidroxifenil Piruvato Dioxigenase (HPPD)
  • Grupo F4 – Inibidores da Deoxi-D-Xilulose Fostato sintase (DOXPS)
  • Grupo G – Inibidores da Enol Piruvil Shiquimato Fosfato sintase (EPSPS)
  • Grupo H – Inibidores da Glutamina sintetase (GS)
  • Grupo I – Inibidores da síntese de Dihidropteroato (DHP)
  • Grupo K1 – Inibidores da formação de microtúbulos
  • Grupo K2 – Inibidores da síntese de ácidos graxos de cadeia muito longa (VLCFAs)
  • Grupo L – Inibidores da síntese de celulose
  • Grupo O – Mimetizadores de auxina
  • Grupo Z – Desconhecidos

Cabe ressaltar que mecanismo de ação é o primeiro evento desencadeado pelo herbicida na planta. Por outro lado, modo de ação é a sequência completa dos eventos, incluindo todas as interações entre planta e herbicida, que resultam nos sintomas e morte.

Além disso, tanto para fins de estudo, quanto de posicionamento agronômico, é importante conhecer as diferentes características e classificações dos herbicidas.

Grupo ou família química

Classificação derivada da presença de um grupo funcional, que resulta em propriedades químicas comuns a diversos compostos.

Seletividade

Por essa ótica, os herbicidas são separados em dois grandes grupos: os seletivos e os de ação total. A seletividade dos herbicidas, ou seja, a capacidade de controlar plantas daninhas com mínima injúria à cultura de interesse é resultado da interação entre fatores relativos ao ingrediente ativo, planta, tecnologia de aplicação e ambiente. Os herbicidas de ação total também são conhecidos como dessecantes e ficaram muito populares com a ascensão do glifosato, sob a marca comercial Roundup.

imagem da comparacao entre dois herbicidas - Qual é o melhor herbicida?
Figura 1 - Testemunha ao lado da aplicação de herbicida (7 DAT). Note a ação do glifosato sobre todas as plantas, sem distinção.

Local de absorção

Os herbicidas podem ser absorvidos pela parte aérea, pelas raízes, por ambas as vias, ou ainda, pelas estruturas seminais e parte aérea durante a germinação e emergência do solo.

Época de aplicação

Comumente, os herbicidas são aplicados em pré-plantio e incorporado (PPI), pré-emergência (PRÉ) e pós-emergência (PÓS), em relação a cultura e plantas daninhas. Esse posicionamento é um reflexo, em primeira instância, das características físico-químicas do ingrediente ativo (via de absorção), formulações e requerimentos para seletividade. No entanto, a necessidade de conter a evolução da resistência e a modernização de formulações, dentre outros fatores, tem levado ao registro de variações desses posicionamentos.

Como exemplo, algumas formulações de trifluralina, um clássico no PPI, já não requerem mais incorporação. Além disso, diversas misturas formuladas de herbicidas conjugam um ingrediente ativo de rápida ação com outro residual, sendo aplicado em pré-plantio da cultura e pós-emergência das plantas daninhas. Ou ainda, em manejo outonal, em pós-colheita da cultura e pré-emergência das plantas daninhas. Em florestais, frutíferas e fumo é comum a aplicação em pré-transplantio da cultura (até 45 dias antes) e pré-emergência das plantas daninhas.

Mobilidade na planta

Após a absorção, o herbicida que é capaz de se mover na planta, seja através da rota simplástica ou apoplástica é considerado sistêmico. Do contrário, é um herbicida de contato, atuando muito próximo do local de interceptação e absorção.

Qual é o melhor herbicida?

Essas e muitas outras características são importantes na adoção do melhor tratamento, que contempla mais do que a seleção do herbicida, dose e época de aplicação. De modo geral, os seguintes aspectos devem ser considerados:

  • Quais são as espécies e estádio das plantas daninhas predominantes na área?
  • Período de controle necessário para evitar a interferência
  • Produtos registrados disponíveis para a cultura
  • Eficácia de controle
  • Características do ambiente.
  • Custos de controle
  • Efeito residual e possibilidade de afetar culturas em sucessão/rotação.
  • Menor toxicidade ao homem e ambiente.
  • Adequação à realidade da propriedade (histórico, equipamentos de aplicação, capacidade operacional, etc).
  • Práticas de mitigação da resistência a herbicidas.

Além disso, após as aplicações, a evolução da eficácia de controle deve ser sempre monitorada de perto. Outro ponto importante, é o mapeamento e acompanhamento de casos de sobrevivência. É muito mais fácil – e barato – controlar uma reboleira do que plantas daninhas resistentes dispersas pela área total.

Herbicidas são uma ferramenta preciosa para a agricultura e precisam ter sua eficácia de controle preservada. Saiba mais em nossa seção “Conheça e aplique melhor”, onde disponibilizamos um banco de dados com as características e usos de todos os herbicidas registrados no Brasil.

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