a imagem mostra plantas de nabo florescido

Economize usando a supressão de plantas daninhas a seu favor

O princípio parece bastante simples. Cobrir o solo com biomassa vegetal forma uma camada que atua na supressão de plantas daninhas. No entanto, existe uma série de fatores relacionados ao manejo que podem potencializar esse efeito e fazer você economizar muito!

Que culturas de cobertura fazem mais do que inibir a germinação das sementes de plantas daninhas, nós já falamos por aqui. Elas também contribuem – e muito – para o manejo da resistência a herbicidas. Por esses e todos os demais benefícios, são essenciais para a sustentabilidade de sistemas conservacionistas.

Afinal, pela lógica, o que parece mais assertivo? Evitar o estabelecimento das plantas daninhas ou permitir que elas emerjam para então controlá-las?

É aí que entram as estratégias de supressão, uma vez que, atuam em pontos críticos do ciclo de vida das plantas daninhas.

A supressão de plantas daninhas por culturas de cobertura pode ocorrer fisicamente, pela interceptação da luz necessária para a germinação das sementes, pela redução da temperatura do solo e pelo “abafamento” das plântulas. Ainda, ecologicamente, pela competição da cultura de cobertura com as plantas daninhas. E, através da liberação de aleloquímicos pelas plantas vivas ou a partir da decomposição da palha e restos culturais. 

Dessa forma, o nível e a duração da supressão de plantas daninhas dependem de fatores como:

  • Produtividade de biomassa (t/ha).
  • Cobertura do solo.
  • Persistência dos resíduos.
  • Produção e liberação de aleloquímicos.

Como resultado, compreender o impacto das decisões de manejo das culturas de cobertura é fundamental para usar a supressão das plantas daninhas a seu favor.

Fatores que influenciam a supressão de plantas daninhas

Escolha da(s) espécie(s)

Uma diversidade de espécies pode ser cultivada nos períodos de entressafra, dependendo da região e culturas principais.

Ecologicamente, as plantas de cobertura podem ser organizadas em grupos funcionais, como gramíneas, “folhas largas” (eudicotiledôneas), fixadoras de nitrogênio, alelopáticas, as que sobrevivem ao inverno e as que perecem com as geadas, etc. Cada uma dessas características acaba por impactar os resultados obtidos.

De modo geral, o efeito supressivo é maior quando gramíneas são cultivadas, isoladamente ou em consórcio. O efeito é atribuído a uma maior persistência da palhada.

imagem de cobertura de aveia preta - Economize usando a supressão de plantas daninhas a seu favor
Aveia preta usada como cobertura do solo.

Além disso, a decomposição de leguminosas libera nitrato no solo, que pode promover a germinação de algumas espécies de plantas daninhas.

Um estudo de metanálise, que consolidou os resultados de outros 53 trabalhos científicos, apontou centeio como responsável por até 96% de supressão. Aveia, triticale, trigo, azevém e sorgo sudanense também são opções com bom desempenho.

Cabe ressaltar que algumas “folhas largas” como o nabo apresentam excelente supressão das plantas daninhas durante o ciclo da cobertura, no entanto, seus resíduos não persistem. Quando a semeadura do cultivo de verão é atrasada, pode haver o estabelecimento de plantas daninhas, favorecendo a competição inicial. Além do nabo, a ervilhaca é uma opção para os consórcios.

A escolha das espécies também pode visar o aproveitamento de recursos ecológicos como a alelopatia. A liberação desses compostos durante a estação de crescimento ou na decomposição da palha ajuda a inibir a germinação e o crescimento das plantas daninhas. O azevém e a aveia preta são reconhecidos por esse efeito.

Produção de biomassa

Quanto maior a biomassa produzida pela sua cultura de cobertura, menor será a densidade e a biomassa de plantas daninhas. Como resultado, a regra é: maior biomassa, maior supressão! Além disso, verifica-se maior duração do efeito supressivo.

A eficiência decorre de uma maior cobertura do solo, reduzindo a germinação das sementes e impedindo a emergência das plantas daninhas. Centeio, aveia, triticale, trigo e ervilhaca se destacam em termos de produção de biomassa. 

Em regiões tropicais, milheto, mucuna-preta e guandu produzem expressiva quantidade de massa seca (entre 3,5 e 4 t/ha), com a vantagem da decomposição mais lenta para as duas últimas espécies. Ainda, sorgo e crotalária também são opções importantes quando se avalia a produção de biomassa e o tempo de permanência da palhada.

Densidade e época de semeadura

A densidade de semeadura deve refletir os requerimentos da cultura/cultivar para o local e época de semeadura. No entanto, estudos têm mostrado que o aumento da densidade de semeadura traz efeitos benéficos. Vantagem competitiva, aumento da biomassa e redução dos nichos disponíveis para a emergência e crescimento das plantas daninhas são verificados.

As culturas de cobertura semeadas no outono têm apresentado maior efeito supressivo em relação as semeadas na primavera, para cultivos de verão. Esse é o caso, por exemplo, do manejo de buva na cultura da soja.

Espera-se que, quanto mais tempo a cultura de cobertura permanecer no campo, maior será a janela para acúmulo de biomassa. Consequentemente, maior o efeito supressivo.

Além disso, é importante que o estabelecimento da cultura de cobertura ocorra antes do pico do fluxo de emergência das plantas daninhas. Desse modo, haverá vantagem competitiva para a cultura de cobertura.

Sistema de cultivo e manejo da cultura de cobertura

Trabalhos têm apontado o sistema de cultivo mínimo como mais eficiente na redução da biomassa de plantas daninhas, quando comparado ao plantio direto. Provavelmente, devido ao efeito aditivo da operação de preparo, mais o efeito supressivo da cultura de cobertura.

Além disso, no plantio direto, as sementes permanecem na superfície da cobertura morta, facilitando a germinação e estabelecimento. Consequentemente, maior biomassa das plantas daninhas. Aqui, é conveniente avaliar os benefícios globais de cada sistema.

Quanto a adubação das culturas de cobertura, os trabalhos são escassos e se restringem a adubação nitrogenada, em sua maioria. Embora alguns reportem a adubação de cobertura como principal condutor do efeito de gramíneas sobre o recrutamento, outros demonstram que a redução da biomassa de plantas daninhas não corresponde ao incremento de nitrogênio adicionado.

Em geral, a conjugação de culturas de cobertura com herbicidas pré e pós-emergentes resulta em menor biomassa de plantas daninhas. Ainda, oportuniza a utilização de mecanismos de ação menos utilizados durante o ciclo das culturas principais.

Manejo pré-semeadura da cultura principal

Há dois aspectos a serem considerados: o uso de palhada ou da cobertura viva, convivendo com a cultura principal como é o caso das braquiárias na cultura do milho. 

No caso da cobertura morta, a dessecação, roçada, rolagem ou outro método de manejo da cultura de cobertura não tem afetado a supressão de plantas daninhas, em até cinco semanas após o procedimento, quando a produção de biomassa é satisfatória.

Porém, podem afetar a interação cultura de cobertura x cultura principal. A exemplo, se a terminação da cobertura não for eficiente, pode haver rebrotamento e competição inicial. Assim, o método de manejo pré-semeadura escolhido deve ser o mais adequado para as espécies de cobertura utilizadas.

No entanto, quanto maior o período em que a cultura de cobertura permanecer no campo, maior será a supressão das plantas daninhas. Da mesma forma, a redução do tempo entre o término da cultura de cobertura e a semeadura da cultura principal também maximiza o efeito supressivo.

Cabe ressaltar que estamos focando em supressão de plantas daninhas. Porém, a plantabilidade da cultura principal também deve ser considerada.

Em síntese

O planejamento e as escolhas corretas a cerca do manejo de culturas de cobertura maximizam a supressão de plantas daninhas.

O efeito durante o ciclo da cobertura faz com que um menor número de plantas daninhas seja exposto a herbicidas no manejo pré-semeadura da cultura principal. Além disso, diminui a disparidade entre o crescimento dos indivíduos, favorecendo a uniformidade do controle químico. E, uma maior eficiência de controle é fundamental para conter a resistência relacionada a mecanismos metabólicos e translocação reduzida.  

Ainda, uma supressão eficiente tem efeito prolongado, e, se complementada adequadamente com herbicidas residuais, mantém a cultura isenta de competição até o fechamento e consequente sombreamento. Como resultado, cria-se um ambiente desfavorável à populações estabelecidas tardiamente e que viriam a alimentar o banco de sementes do solo.

imagem de lavoura de soja semeada sobre palhada de azevem - Economize usando a supressão de plantas daninhas a seu favor
Palhada de azevém utilizada para a supressão de plantas daninhas.

Assim, a supressão de plantas daninhas por culturas de cobertura permite economizar tempo e dinheiro, uma vez que pode reduzir o número de aplicações,  além de escalonar o trabalho e mitigar a resistência a herbicidas.  

Literatura consultada

Carvalho, A. M.; Coser, T. R.; Rein, T. A.; Dantas, R. de A.; Silva, R. R.; Souza, K. W. Manejo de plantas de cobertura em duas épocas e efeito no rendimento do milho. Pesquisa Agropecuária Brasileira, v. 50, p. 01-11, 2015.

Osipitan, O. A., Dille, A. Assefa, Y., Radicetti, E.,  Ayeni, A., Knezevic, S. Z. Impact of Cover Crop Management on Leve of Weed Suppression: A Meta-Analysis. Crop Science, v. 59, n. 3, p. 1–10, 2019.

Wallace, J., Curran, W., Mortensen, D. Cover crop effects on horseweed (Erigeron canadensis) density and size inequality at the time of herbicide exposure. Weed Science, v. 67, n. 3, p. 327-338, 2019.

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